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Ah Aracaju! – Sérgio Alves

aracaju

O despertador toca: é hora de levantar, partir pro banho, escovar os dentes e seguir pra tomar um café da manhã reforçado: suco de mangaba, cuscuz, apelidado carinhosamente de teimosinho, pão Jacó, manteiga da terra e carne do sol. Quando acabo, já “aperriado” com o horário para ir “trabalhá” dou os dois gritos necessários pra começar o dia: “bença mãe” e “bença pai”, pai que aliás, todos ficam “mangando” que eu sou ‘cagado e cuspido’ por ser tão parecido. Sigo pro ponto, olho pro céu, vejo um “casamento de raposa”, rezando pra não vir chuva forte e “alagaju”; “pego” o meu Circular-alguma-coisa 01, passo pela beira-mar (que beira um rio), vejo os “tó-tó-tós”, passo pelo maior quebra-molas do mundo, apelidado carinhosamente de Viaduto da Hermes Fontes e sigo até o DIA, pra de lá, “pegá” outro Busão.
Ah, DIA que me deixa em estado terminal, quem é que “aguenta” esses gritos dos vendedores de “sarôio”, “mácasado” e “pé-de-moleque” de manhã cedo? Isso me faz lembrar dos vendedores de “adicuri” (lá no passado) e dos “guris” tocando triângulo, com uma lata de tinta nas costas, vendendo “cavaco-chinês”. Mais eu não fico “retado”, aproveito a demora do ônibus pra olhar um mapa da cidade que está ali exposto, que incrível a organização de minha cidade: além das ruas em Xadrez, percebo que as ruas do Bairro América são nomes de países, que as do Bairro Siqueira Campos são nomes de estados brasileiros e que as ruas do centro possuem nome de cidades sergipanas, uma vida toda aqui e não havia percebido isso.
Ó lá, chegou meu ônibus, bato e rebato com um monte de gente que quer entrar e  com um monte de gente que quer descer. Fila, pra quê fila? Nossa filosofia é chinesa… Vixe Maria, que “paía”, não consegui um lugar pra sentar, mas, não vou ficar “barreado”, vou aproveitar esse tempo em pé, antes que alguém fale comigo, já que em aqui todo mundo se conhece, pra inventar um “disdrobo” pra “gazear” o trabalho ou no mínimo ir embora mais cedo. Dizer que estou com uma dor do “cabrunco”, já não cola, acho melhor “ficar quieto” e trabalhar, afinal, hoje é sexta.
Hora de voltar, aguardando o meu ônibus, passa um ‘fio de uma quenga’ com uma moto e pisa na poça pra molhar todo mundo. Molhado, subo no meu Circular-alguma-coisa 02, junto entra a gurizada do  EFRAIM/MANASSES, mais uma vez, pra vender seus produtos, continuando a viagem, sinto aquele fedorzinho de mangue na curva do Iate; já em casa, ligo pro meu pai, peço o carro e ele responde: estou voltando do ‘mercadinho’. Eu espero, aquela fila do “gêba” deve estar enorme, ainda bem que meu velho tem mania de colocar o carrinho de compras numa fila e ficar na outra pra ver qual vai mais rápida. Entro no veículo, encontro a namorada, levo pra tomar um sorvete no Castelo Branco, sigo pra um restaurante na orla até a hora em que o Garçom me avisa que a cozinha está fechando (23:00hs). Na volta, passo na frente de um show,  vejo um monte de gente, sempre as mesmas ‘caras’, na frente do evento, passo por um posto de gasolina lotado de carro com som alto e logo em seguida, entro numa ‘pousada’ com hora fracionada.
Sábado de folga, o dia está meio lá e meio cá, se fizer sol, vou “pra praia”, andar uma infinidade do calçadão até o mar, sentar numa cadeira e comer caranguejo, “caruru” no copinho e queijo derretido na hora. Em caso de chuva, independente do calor, é dia de usar casaco, com bermuda ou short. A noite, pensando num programinha mais light, vou ao shopping assistir um filme no cinema, sempre, com a ligeira impressão de que todo a cidade teve a mesma idéia que eu. Se der sorte, não pego engarrafamento, afinal, Aracaju é a cidade com a maior quantidade de carros por metro quadrado, vale ressaltar que, destes, apenas 2% tem cor diferente de cinza/branco/preto…
Poderia prosseguir por horas, falando dessa cidade maravilhosa que tanto amo; falar de expressões como “Eitcha Pentcha”, “bexiga”, “Gota serena”, “bichiguenta”, “istôpô balaio”, “Valeime”, “Eita pêga”, “Gastura”, “Aquéte o faixo”; poderia falar de curiosidades como o Bar do Meio numa esquina, ou a estátua de Sílvio Romero na Praça Camerino, da Rua da Frente atrás da cidade; poderia falar de comidas como “batata doce”, “fruta-pão”, de castanha de caju torradinha, do bolo de Puba do Mercado Municipal; mas, por hora, vou preferir devotar o amor que sinto por minha terra natal: EU TE AMO ARACAJU!
“Da colina do Antônio vejo o rio, as ruas em xadrez, as casas e árvores e uma infinidade de pessoas! Vejo Aracaju e como é bom viver aqui…”
PARABÉNS PELOS SEUS 158 ANOS

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