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Dez coisas para saber antes de abrir seu próprio negócio

Ser dono do próprio negócio – em algum momento, esta ideia já passou pela cabeça de boa parte dos brasileiros. Mas para “aposentar” a carteira de trabalho e assumir de vez a função de empresário é preciso muito mais que vontade. O G1 conversou com o consultor do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-SP) Reinaldo Miguel Messias para montar um guia com as dez principais orientações que todo empreendedor em potencial deve seguir antes de abrir um negócio próprio.

Messias diz que, em primeiro lugar, a pessoa deve estar atenta ao que ele chama de “4Ps”, ou seja, propósito (o quê), processo (como), pessoas (quem) e prazer.

Negócios passam por turbulências; se não gosta muito do que está fazendo, na primeira turbulência, não vai procurar o que fazer, vai fechar”
Reinaldo Miguel Messias, consultor do Sebrae-SP

“Propósito claro é aquilo que vai orientar a sua busca por um negócio. O ‘como’ é o processo, no caso, processo de fazer, de vender e de controlar. Depois disso, preciso de pessoas, tem a pessoa dono e a pessoa empregado. A cumplicidade, a complementaridade é que vai fazer com que as pessoas, trabalhando em processos adequados, atinjam o objetivo”, explica. “Prazer: nada vai dar certo se você não gosta do que está fazendo. Negócios passam por turbulências; se não gosta muito do que está fazendo, na primeira turbulência, não vai procurar o que fazer, vai fechar.”

Confira abaixo o roteiro com as dez principais dicas:

1 – Empreenda no que conhece e gosta
“A receita para dar certo é empreender naquilo que a gente tem domínio. A costureira vai fazer sua lojinha com roupa. Depois de uma vida no segmento de confecção é pouco comum que vá abrir um restaurante.”

2 – Avalie a viabilidade financeira frente à idéia e oportunidade
“Não adianta gostar, a coisa tem que ser viável, tem que gerar lucro. (…) Quando a gente está pensando numa empresa, é importante pensar que cada dinheiro colocado lá dentro, vai ter que voltar numa medida de tempo.”

3 – Cuidado com a escolha do sócio
“É muito comum escolher sócio como ‘o cara que tem o dinheiro barato que eu preciso’ e isso acaba custando muito caro. Sócio é um complemento de conhecimento e de atitudes que você tem. Ele não é igual a você, mas é uma nova visão. Os dois têm que enxergar juntos na mesma direção.”

4 – Avalie a diferenciação de seu negócio em relação à concorrência e aos cenários
“Negócio legal é aquele que se diferencia dos demais – ser diferente é agregar outros valores. Não é ser diferente pela parte ruim: o que mais atrasa, por exemplo. Enxergar em que cenário esta atividade está situada. O ‘mais um’ está dividindo o bolo que todos já comem.”

5 – Esteja seguro de seus gastos e controle de suas despesas e custos
“Conheça a parte financeira da ‘encrenca’ que você está se metendo. Ter domínio. Sem controle financeiro, não se gerencia nada. É fundamental, principalmente quando está iniciando a atividade, saber onde está colocando cada centavo e como está voltando.”

6 – Considere sempre possíveis gastos adicionais com adequação do espaço de trabalho
“Não esqueça de trocar a fechadura das portas do comércio e checar se o banheiro é frequentável e está dentro da legislação da saúde pública, em número suficiente; se as vitrines são seguras; se a rede elétrica está devidamente dimensionada. A gente esquece destes detalhes quando esta fazendo o planejamento.”

7 – Trabalhe com pessoas que conheçam do negócio tanto ou mais que você
“Mesmo que custe um pouco mais é sempre bom evitar que os outros errem por você. É sempre bom contar com a competência. Quem paga pouco, recebe pouco. Cuide na competência, na adequação, no perfil da aparência. Essas pessoas têm que conhecer bem o negócio.”

8 – Todo começo é incerto. Cuide bem dos investimentos e do capital de giro
“As grandes perguntas são sempre: será que preciso mesmo de tudo isso? A gente tem um fogo de sair comprando coisas… Às vezes, numa atividade que está iniciando, o melhor é alugar, arrendar, pedir emprestado para um amigo, fazer um termo de comodato. O capital de giro é sempre aquela história: o único que acredita no seu negócio é você. 27% das empresas que abrem não terminam o primeiro ano. [Institutições financeiras] Gostam de dar crédito para a pessoa física, não para a jurídica. Olhe bem para ver quanto de capital de giro vai precisar antes de pedir emprestado.”

9 – Procure um contabilista competente para abrir sua empresa e assessorá-lo com impostos, tributações e taxas no dia a dia
“Geralmente, quando procura um contabilista, vai muito pelo valor que a pessoa está cobrando. Você deve perguntar se tem muitos negócios do mesmo ramo que o seu. Quanto mais atividades como a sua ele tem dentro da carteira, mais a par vai ficando. As tributações variam muito dependendo do segmento.”

10 – Lucro é a única forma de garantir o retorno dos investimentos. Atenção com ele!
“Negócio foi feito para gerar lucro, não amizade e relacionamento. Parte do lucro é o que consegue manter o seu capital de giro dentro da necessidade. A outra parte será responsável pelos investimentos para gerar alavancagem. Às vezes, guarda-se essa parte dentro do estoque, comprando o que não precisa, na quantidade que não deve, no momento que não é preciso. Veja como o lucro está sendo gerado. No começo, não dá para ter todo o lucro gerado pra gente.”

Erros mais comuns
Segundo Reinaldo Messias, um dos erros mais comuns que as pessoas cometem quando se aventuram pelo mundo do negócio próprio é quanto ao cálculo do tempo necessário para a maturação do projeto. “É a pressa, quando planejo por um período muito pequeno, ou, o contrário, planejo por um período muito grande e nunca tomo a iniciativa”, diz. “A ansiedade leva à falta de planejamento, falta de domínio do negócio.”

A ansiedade leva à falta de planejamento, falta de domínio do negócio”

Como faz questão de destacar o consultor do Sebrae-SP, a vontade precisa de embasamento. “Por isso a gente estimula a fazer o plano de negócio – para conhecer do seu mercado, do seu negócio, do seu concorrente.”

Outro equívoco recorrente, segundo Messias, é achar que uma boa ideia é tudo. “Mentira. Ter dinheiro para implementar essa ideia é fundamental”, destaca. Ele diz que a fonte para a obtenção de recursos deve ser planejada de maneira adequada, já que o dinheiro pode vir, preferencialmente, de uma capitalização pessoal. “A uma taxa de juros relativamente alta, meu negócio tem que dar alguma coisa para pagar essa taxa e ainda sobrar para fazê-lo crescer”, lembra.

Outra alternativa interessante é através de uma sociedade, mas é preciso tomar cuidado com esta opção. “Uma sociedade na qual só um dos sócios tenha a verba não é muito bom, porque o poder vai para quem entrou com o dinheiro. É preciso ter uma linha equilibrada de divisão de poder.”

“Outro erro comum: abrir um negócio porque um amigo abriu e deu certo. É outro tempo, outro negócio”, destaca Messias.

Em caso de problemas
O consultor do Sebrae reitera que planejar é imprescindível, mas lembra, porém, que planejamento não é garantia de sucesso. Portanto, para aqueles que já abriram um negócio, mas estão diante de dificuldades, há alternativas para tentar “salvar” a empresa antes de, simplesmente, entrar com pedido de falência.

“Vá fazer uma consultoria. Em havendo alguma dificuldade, o Sebrae é um serviço gratuito, disponibilizado no país inteiro, que, em suma, oferece apoio e suporte à atividade de perenização de pequenos negócios, procurando orientar e estimular o empresário na busca de soluções mais adequadas”, diz.

“Não pular do barco na hora que bateu no iceberg, mas é sempre bom saber que o iceberg não vai sair dali. É preciso viabilizar a rota”, conclui Messias.

Fonte: Campal

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