Caros Amigos:
Sempre que se aproxima uma eleição os ânimos ficam exacerbados, todos nos achamos donos da verdade: “nosso candidato é o melhor, o outro é um marginal“. É daí para baixo. Isto acontece no local de trabalho, na universidade, na rua, até na escola de nossos filhos. É natural e temos que saber lidar com isso.
Com a mídia não podia ser diferente. Os meios de comunicação têm proprietários e estes têm um lado político que prevalece no noticiário e nas opiniões divulgadas por esses meios, especialmente nesta época. Nada demais.
Cabe a nós, eleitores, receber, filtrar e assimilar aquilo que nos parece relevante, credível ou mesmo conveniente. Porém, como fazer isso livremente se somos bombardeados diariamente por manchetes espetaculares, denúncias apresentadas como sentenças, opiniões como fatos, simples declarações como provas incontestáveis – mesmo sendo de um ex-presidiário transformado em testemunha confiável, todas alinhadas e sempre prejudicando um dos lados da contenda.
Infelizmente é isso que está acontecendo com a chamada grande mídia nesta reta final da campanha. Veja o que afirma o ex-governador de SP, Claúdio Lembo do DEM: “A mídia se engajou, a mídia tem um candidato”. É o direito dela. O nosso é saber de qual lado a mídia está para avaliar melhor suas informações.
Nada contra quem lê a Folha, a Veja, o Estadão ou assiste o Jornal Nacional. Na democracia, cada um escolhe as fontes de informação que bem preferir.
Porém, será que um eleitor “esclarecido” é aquele que se informa passivamente apenas na grande mídia? Ou será aquele que procura, também, outras fontes de informação? Sim, caros amigos, porque notícia tem dois lados e ninguém é dono da verdade. Ainda bem.
Eu, modestamente, procuro informação nas duas vertentes. Por que haveria de acreditar só numa delas sem sequer conhecer a outra? Não se trata de concordar com os dois lados, quase sempre opostos, mas ignorando um deles nos tornamos esclarecidos ou semi-esclarecidos? Como criticar o outro lado sem conhecê-lo? Você vai se privar desse direito?
Recomendo os links que seguem. Os responsáveis pelos quatro primeiros são jornalistas premiados e muito reconhecidos que um dia já foram da grande mídia de onde saíram por discordar de seus “métodos”. O último é de um semanário cujas reportagens são sistematicamente ignoradas pela grande imprensa. Seu responsável foi o primeiro diretor da Veja, de onde saiu quando a revista decidiu não mais combater a ditadura militar em 1976.
Eles têm lado? É claro, todos temos. É justamente por isso que neles você vai encontrar as notícias que a grande mídia ignora, além de críticas e opiniões diferentes sobre o que ela noticia.
Antes de me despedir, deixo quatro questões para reflexão:
- Será que a evidente preferência da grande mídia por um dos candidatos é puramente ideológica? Se for assim, por que esses meios não assumem editorialmente sua posição, como é costume nos grandes jornais dos Estados Unidos e da Europa e alguns meios alternativos no Brasil? Nada de mal haveria nisso e, convenha-se, seria muito mais honesto.
- Por que fatos ocorridos em 2009 são noticiados e transformados em escândalos somente agora faltando poucas semanas ou dias para a eleição?
- Por que o Jornal Nacional de ontem 16/09/10, “esqueceu” de informar que o “consultor” denunciante da suposta propina já foi condenado por porte de notas falsas e por receptação de carga roubada?
- Por que será que escândalos mais recentes sobre o mesmo tema (quebra de sigilo) como o que envolve assessores da governadora do RS, são ignorados no JN, no jornal O Globo, na FSP, na Veja, no Estadão, no SBT e na Band?
Certamente na grande mídia não encontrará as respostas.
Se preferir ignorar o outro lado da notícia e continuar acreditando na imparcialidade da grande mídia atribuindo-lhe a verdade absoluta, peço desculpas pelo incômodo. Mas lembre desta mensagem quando se autodenominar “eleitor esclarecido”.
Um abraço, bom final de campanha e sorte com seus candidatos.
Autor: Juan Cordovez
Aracaju-SE
Boa dica “gringo”. Muito bom mesmo!