Diante de tantas perguntas que meus amigos tem feito ultimamente para mim, encontrei um blog onde ele explica, de maneira mais simplificada possível (na minha opinião), o que é bitcoin. Veja a seguir:
Texto do Blog Descentraliza, publicado com a autorização do autor Maurício Armani Lopes
Em uma primeira busca mais técnica sobre Bitcoin, o leitor pode se deparar com conceitos pouco familiares: redes Peer-to-Peer, protocolos de rede, criptografia e muitas mais. O Bitcoin é uma fusão dessas e outras tecnologias que o precederam. A intenção deste artigo é esclarecer alguns desses conceitos, explicar como eles se relacionam e fazer você entender por que o Bitcoin é uma invenção brilhante que atrai cada vez mais adeptos no mundo todo.
A primeira coisa que você tem que entender é que, muito mais que um software rodando nos computadores de milhões de usuários, o Bitcoin é um conjunto de regras que dão vida a um sistema monetário livre via internet.
Qual problema o Bitcoin veio solucionar?
Em novembro de 2008 uma pessoa com o pseudônimo de Satoshi Nakamoto apresentava a ideia do Bitcoin através de um documento postado em um fórum de programadores, intitulando-o: A Peer-to-Peer Eletronic Cash System (Um Sistema de Transferência Eletrônica Ponto-a-Ponto). O objetivo explícito de Nakamoto era criar um sistema de transferência eletrônico que não dependesse de uma terceira parte, evitando assim os custos e problemas inerentes à intermediação financeira. Sua invenção, no entanto, trazia consigo algo muito maior: uma moeda sem dono, sem fronteiras, funcionando de maneira ininterrupta na internet. Em outras palavras, uma moeda verdadeiramente descentralizada.
Se você não acredita em mim ou não entende, eu não tenho tempo para tentar convencê-lo, me desculpe.” (Satoshi Nakamoto)
Antes da divulgação do Bitcoin, nenhum modelo de pagamento eletrônico podia operar sem instituição intermediadora. O motivo é simples: diferentemente das moedas físicas, as moedas em sua forma eletrônica precisam ter um banco de dados que registre cada transação. É a única forma viável de posteriormente comprovar as posses de cada usuário. Até hoje essa solução implicava na necessidade de confiança de todos em alguma instituição financeira capaz de exercer tal função. Como bem sabemos, esse arranjo invariavelmente leva a uma tomada de decisões centralizada por parte destes que, então, passam a deter o monopólio da moeda.
Sendo assim, quais problemas o Bitcoin veio solucionar? Todos os decorrentes do nosso atual sistema centralizado de transferência monetária. Cito aqui os principais:
– Política monetária centralizada: A fusão entre bancos e estado deliberadamente manipula e utiliza o sistema monetário com o propósito de regular “excessos do mercado” e “estimular a economia”. Em detrimento do poder de compra de toda a população, decisões são tomadas para o favorecimento de uma minoria posicionada estrategicamente no âmbito político. O Bitcoin possui sua emissão controlada via software e simula a taxa de extração de commodities como ouro e prata.
O problema central das moedas convencionais é toda a confiança necessária para seu funcionamento. É confiado aos bancos centrais o dever de não as desvalorizar, mas a história das moedas fiduciárias é permeada de violações a essa confiança.” (Satoshi Nakamoto)
A história do dinheiro é a história dos esforços do governo para destruir o dinheiro.” (Ludwig von Mises)
– Custos de intermediação: “O comércio na internet passou a confiar quase exclusivamente em instituições financeiras atuando como intermediadoras para processamento de pagamentos. Enquanto o atual sistema funciona bem para a maioria das transações, ele ainda sofre com a inerente fraqueza do sistema baseado na confiança. Transações irreversíveis não são possíveis. Instituições financeiras não podem evitar de se tornarem mediadoras entre disputas. Os custos da mediação aumentam o custo das transações e inviabilizam transações de baixo valor. Há um custo ainda maior relacionado a incapacidade de se fazer pagamentos irreversíveis para serviços irreversíveis. Com a possibilidade de se reverter transações, a necessidade de confiança aumenta. Mercadores precisam saber muito mais sobre seus clientes do que seria necessário. Ainda assim, uma certa porcentagem de fraude é aceitável e inevitável. Estes custos e incertezas podem ser evitados usando-se moeda física, mas nenhum mecanismo até então era capaz de realizar transações por algum meio de comunicação sem uma intermediação.”[1] (Satoshi Nakamoto)
– Privacidade / Anonimato: Como dito, há uma necessidade de se fornecer muito mais informações pessoais do que seria preciso para concretizar uma transação. Na rede Bitcoin, cada pessoa possui apenas um ou mais pares de “chaves” utilizadas para atribuir posse a uma quantia de bitcoins – nada disso vinculado a uma identidade. Aqui o Bitcoin se iguala ao dinheiro físico: não há necessidade de o vendedor conhecer o pagador e nem a origem do seu dinheiro.
– Segurança: Na posse de tanta informação, naturalmente os bancos se tornam excelentes alvos para ataques cibernéticos e golpes. Nossas informações estão à mercê da honestidade de funcionários e da segurança de seus sistemas. Em uma rede descentralizada não há esse problema. Contudo, é transferida ao usuário a responsabilidade de escolher bons métodos de proteção às suas chaves de acesso.
– Double Spending: É o cancelamento de um pagamento após o recebimento do produto ou serviço. Em sua natureza descentralizada, veremos como o Bitcoin resolveu esse problema de forma inovadora. Ainda que demande em média 10 min para ter maior confiabilidade, a transação torna-se irreversível.
Bitcoin, uma rede Peer-to-Peer
Para retirar o intermediador das transferências, Satoshi transferiu a responsabilidade de manter o registro das transações para os próprios usuários. Transformando o Bitcoin em uma rede Peer-to-Peer – como o antigo Napster ou o BitTorrent. Nessas redes, o próprio usuário é responsável por armazenar os arquivos que serão compartilhados. Cada usuário fornece e consome os serviços da rede. É diferente dos sistemas tradicionais onde uma empresa disponibiliza a informação através de um servidor central e os clientes apenas fazem requisições: Google, Amazon, Facebook e muitas outras.
No âmbito do Bitcoin, a dúvida imediata que surge é: se os próprios usuários serão os responsáveis por manter o banco de dados das transações, como garantir que todos usuários possuam a cópia correta e atualizada do registro? Em outras palavras, como garantir que os usuários entrem em consenso sobre as transações que já ocorreram? Lembre-se que não existe um servidor central para consultar. Cada usuário possui sua própria cópia do registro geral de transações. Pois este foi o problema que Satoshi resolveu e, assim, deu origem a uma das tecnologias mais surpreendentes deste século.
O Bitcoin permanecerá, na minha opinião, uma implacável anomalia que se recusa a ir embora – um cisne negro que não pode ser ignorado ou extinto.” (Andreas Antonopoulos).
Fonte: AtlasProject