Carta de Tomé de Souza em baianês

E se, em 1549, Tomé de Souza escrevesse ao Rei de Portugal em baianês? (Uma homenagem da @amoahistoriadesalvador aos 471 anos da nossa linda cidade. Texto de @loutibahia).

Diga, meu rei. Chegamo! A viagem foi barril, nem sei quantos dias, mas quem souber morre. Teve umas picuinhas com os 1000 homens nos barcos, mas eu dei um esbregue e organizei o baba. Tá todo mundo dando um pau da porra pra construir a Cidade do Salvador. Até os padres jesuítas. São 12 horas de relógio todo dia. Aqui é uma quentura da porra. O sol tá pelando, mas de vez em quando cai o cacau. Dá pra segurar a onda. Mas numa coisa eu me armei: tem um cara aqui gente boa, boca de zero nove. Tá ligado em Caramuru, que naufragou no Rio Vermelho? Ele mora com os índios detrás da Vila do Pereira. Deu um rolé com a gente pra achar o lugar de construir a cidade. Foi uma paletada até a casa da porra, mas o lugar é massa. Lá no alto, dijunto de um rio e defronte do mar. Tem que arrudiar pela praia, seguir reto a vida toda e subir à direita. A cidade vai ficar de lenhar. Só me lasquei (lá ele) porque aqui só tem madeira e palha pra construir. É peba, mas vou dar um grau no Palácio do Governo e na Casa de Câmara e vai ficar zero bala. Construir a muralha é que vai ser barril dobrado. A gente recebeu a galinha pulano, mas vô dá meus pulo. Nestante vô ali filar a bóia e ficar de maresia na rede porque tô arriado os quatro pneu. Tô querendo ficar doente, mas quem vai é o coelho. Relaxe, Vossa Majestade, que tá tudo nos conforme. Fique sossegado que de hoje a oito eu dô notícias. Axé, meu rei. @ Salvador, Bahia, Brasil – SSA

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O QUE SIGNIFICA “LÁ ELE”

O “lá ele” é uma das mais importantes expressões do idioma baianês,
mais especificamente do dialeto soteropolitano baixo-vulgar. Segundo
os léxicos, a expressão significa “outra pessoa, não eu”

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(LARIÚ, Nivaldo. Dicionário de baianês. 3ª ed. rev. e ampl. Salvador: EGBA, 2007, s/n).

Vamo embora, vú?

lingua portuguesa

No baianês, existe uma expressão muito comum. O ““.

Gramaticalmente, “vu“, como oxítona terminada em “u”, não deveria ser acentuada, mas o “” baiano tem uma força a mais na hora de falar.

é a abreviação de uma palavra que já é pequena por natureza, o “viu”.

É que esse lance de falar tudo explicadinho é uma perda de tempo da zorra! Se “ pra abreviar… A gente abrevia, ?

Obs: Dé = der

Nomes de filmes em baianês

Uma linda mulher: A nega é toda boa
Velocidade Máxima: O Buzu Avionado
Os Bons Companheiros: Os Corrente
O Paizão: O Grande Painho
A Morte Pede Carona: A Miséra Quer Pongar
Ghost: O Encosto
O Poderoso Chefão 1: ACM
O Poderoso Chefão 2: ACM Júnior
O Poderoso Chefão 3: ACM Neto
O Exorcista: O Lá Ele
Táxi Driver: O Taquiceiro
Corra Que A Policia Vem Aí: Se Pique Que Os Homi Tão Descendo
O Senhor dos Anéis: O Coroa Dos Balangandan
Janela Indiscreta: Vizinho Na Cócó
Velozes e Furiosos: Virados No Estopô
Esqueceram de Mim: Me Crocodilaram
Forrest Gump: O Culhudeiro
Clube da Luta: Os Comedor de Pilha
O Cavaleiro das Trevas: O Jagunço do Breu
Cidade de Deus: Bairro da Paz
O Que É Isso, Companheiro!: Colé de mermo, meu rei!
A Casa Caiu: A RONDESP chegou
O fim dos dias: Nós “tamo” é lascado
Mamma Mia!: Ó paí ó
Turistas: Os gringo
Guerra dos mundos: Hoje tem Ba x Vi
O Chamado: Venha cá, véi
O Chamado 2: Se chegue logo, vú?
Á beira da loucura: Tu tá é muito doido!

Aprenda a falar baianês

“(…) palavras que não fazem parte do baianês mas que saem diariamente da boca do baiano. São coisas engraçadas, apesar de absurdas e por serem tão características acho que vale a pena citar aqui. Veja os piores casos:

– “Namuscada“: é aquele condimento que se usa para cozinhar, conhecido em bom português como “noz moscada”. Não sei se o sabor é o mesmo mas a pronúncia…
– “Quer nizer“: versão da expressão “quer dizer”. Desde que consegui parar de rir após ouvir essa maluquice, eu me pergunto o que significa ‘nizer’ na cabeça de quem fala isso!
– “Cagado e cuspido“: é aquela pessoa muito parecida com outra. Só que no resto do país, se diz “encarnado e esculpido”. Bobagem, nem dá pra notar a diferença, né?!
– “Minduís“: é o amendoim que nasce na Bahia.
– “Ondibinho“: acredite, é o diminutivo de ônibus! Eu falaria onibusinho mas talvez eu esteja errada!
– “Ondibus“: advinha?!
– “Tirar as genitais“: esse foi extraído da TV local, em um programa popular. Você já tirou as genitais de alguém? E as suas? Bom, mas as “digitais” com certeza tirou, né?!
– “Morródia“: não sei é erro de português ou erro médico! Mas também se chama hemorróida.
– “Cunzinha“: pare de pensar em sacanagem! Cunzinha e cozinha são a mesma coisa!
– “Menas“: é quando o baiano tem “menas dor” ou “menas condições“, ou “menas possibilidades” de aprender a falar direito, etc…”

Fonte: ohsuamisera

É viola, mermão!

Eu encontrei um blog muito interessante e chama-se Oh, sua miséra. O autor do blog, provavelmente é natural de Salvador-BA, pois ele conhece a fundo o dialéto baianês.

Criei uma sub-categoria “baianês” dentro da categoria “Diversos” e pretendo fazer referência às citações mais interessantes (na minha opinião).

“Na minha época de guri a gente brigava muito entre amigos. Dizem que é a melhor escola pra aprender a sair na mão com alguém. Geralmente quando dois neguinho se estranhavam, outro mais velho colocava a mão na frente dos dois e dizia:

– Quem cuspir aqui, primeiro, ganha (e tirava a mão na hora das cusparadas).

Aí era um “Deus nos acuda”. Quando os dois já estavam pra se matar, alguém separava. Depois era a resenha pra saber quem ganhou.

Mas hoje em dia a coisa tá braba. Rolou o primeiro tapa e a gente já ouve também o primeiro tiro. Creimdeuspai.

Por isso é bom tá ligado nos primeiros sinais de porrada quando você estiver em Salvador. Se não souber jogar uma boa capoeira ou não tiver gás pra abrir no primeiro pipoco de bala, se pique.

O primeiro sinal é quando você ouvir um cara retado falar pro outro:

– Colé de merma, mermão?

Aí vale uma reflexão. Como é que os caras chegaram a essa expressão indecifrável? Vamos desconstruir?

“Colé” = Qual é (abreviado e distorcido, pra dar um ar de tensão e brabeza)
“de merma” – (começou com meu irmão… tipo “Qual é a sua mesmo, meu irmão?”… Aí “mermão” e “mesma” virou “merma” e você já sabe no que deu)
E o outro “mermão” no final é só pra ressaltar

Aí, mermão, pode ter certeza que o pau vai comer. Se você não estiver na hora da porrada, vai saber que rolou “viola” quando chegar alguém e disser que “rolou o maior pau” no outro lado da rua.

E como na Bahia todo samba de roda com uma viola fica mais gostoso, o adicional “viola” significa que a briga foi das boas. Daquelas com direito a voadora estilo Chuck Norris, garrafada e cadeirada. “Rolou o maior pau viola no bar, véi!”.

Outro bom sinal de que o pau vai comer (lá ele) é o “vai inchar”, que pode vir acompanhado do famoso porra. Aí dá pra sacar né? O que acontece quando alguma coisa incha demais? Geralmente EXPLODE. “A porra vai inchar, véi… Bora sair daqui”… Pode ter certeza que em segundos a porrada vai ser generalizada.

Por fim, seguindo a lógica da porra inchada, vem o “barril” (de pólvora, claro!!). Todo barril de pólvora tem que explodir, senão não tem graça. E aí, brother, quando seu amigo disser que “é barril” aquele bar estranho que você viu, já bêbo, e tá afim de tomar a saideira, se saia. Se saia. É bem provável que ao primeiro gole de cerveja você tome um “pedala Robinho” só porque o maluco da mesa ao lado não foi com sua cara.

Se ligue, mermão! Senão o negócio pega pro seu lado, tá ligado?”

Fonte: Oh, sua miséra!